A polarização entre o presidente Lula (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) segue dividindo a sociedade, fazendo com que o lulismo e o bolsonarismo permaneçam como as duas principais narrativas organizadoras da política brasileira.
Quando comparamos as segmentações das intenções de voto em Lula e em Bolsonaro por faixas de renda da véspera do segundo turno de 2022, do Datafolha, com a simulação de segundo turno de 2026 do mesmo instituto, divulgada na semana passada, em um hipotético confronto entre o presidente e o ex-presidente, observamos poucas mudanças no comportamento eleitoral.
Em 2022, Lula superava Bolsonaro somente no segmento com renda mensal de até 2 salários mínimos (ver Tabela 1). Nas demais faixas de renda, a vantagem era de Bolsonaro. Assim, pesou a favor de Lula o fato de ele livrar 21 pontos percentuais de vantagem no segmento de renda mensal com mais eleitores – cerca de 50% dos brasileiros recebem até 2 salários.
Tabela 1: Lula x Jair Bolsonaro – Véspera do segundo turno de 2022 (%)
| CANDIDATOS | Até 2 SM | Mais de 2 a 5 SM | Mais de 5 a 10 SM | Mais de 10 SM |
| Lula (PT) | 57 | 43 | 40 | 37 |
| Jair Bolsonaro (PL) | 36 | 52 | 55 | 59 |
*Fonte: Datafolha (25 a 27/09/2022).
Caso a disputa entre Lula e Jair Bolsonaro fosse reeditada em 2026, o que é improvável por conta da inelegibilidade do ex-presidente, Lula prevaleceria no segmento com renda mensal de até 2 salários mínimos. Nas demais faixas de renda, a vantagem seria de Bolsonaro (ver Tabela 2).
Tabela 2: Lula x Jair Bolsonaro – Simulação de segundo turno de 2026 (%)
| CANDIDATOS | Até 2 SM | Mais de 2 a 5 SM | Mais de 5 a 10 SM | Mais de 10 SM |
| Lula (PT) | 50 | 39 | 35 | 31 |
| Jair Bolsonaro (PL) | 40 | 50 | 56 | 62 |
*Fonte: Datafolha (10 a 11/06/2025.)
Merece destaque nessa comparação o fato de a distância entre Lula e Bolsonaro ter caído de 21 pontos percentuais para 10 no segmento estratégico com renda mensal de até 2 salários entre 2022 e 2025.
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Em uma eventual disputa entre Lula e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), Lula venceria na faixa de renda de até 2 salários (ver Tabela 3). Nas demais faixas de renda, a vantagem seria de Tarcísio. Nesse embate, pesa a favor de Lula o fato de ele livrar uma vantagem de 13 pontos sobre Tarcísio na faixa de renda de até 2 salários. De acordo com o Datafolha, no total, Lula teria 43% das intenções de voto, contra 42% de Tarcísio.
Tabela 3: Lula x Tarcísio de Freitas – Simulação de segundo turno de 2026 (%)
| CANDIDATOS | Até 2 SM | Mais de 2 a 5 SM | Mais de 5 a 10 SM | Mais de 10 SM |
| Lula (PT) | 49 | 38 | 32 | 30 |
| Tarcísio de Freitas (Republicanos) | 36 | 47 | 61 | 53 |
*Fonte: Datafolha (10 a 11/06/2025).
Cenário similar é observado em um hipotético segundo turno entre Lula e Michelle Bolsonaro (PL). Lula venceria Michelle no segmento com renda de até 2 salários (ver Tabela 4). Nas demais faixas de renda, Michelle ficaria em vantagem. Lula teria 46%, contra 42% de Michelle, o que indica empate técnico no limite da margem de erro, que é dois pontos percentuais para mais ou para menos. Joga a favor de Lula sua vantagem de 15 pontos sobre Michelle no segmento com renda mensal de até 2 salários.
Tabela 4: Lula x Michelle Bolsonaro – Simulação de segundo turno de 2026
| CANDIDATOS | Até 2 SM (%) | Mais de 2 a 5 SM (%) | Mais de 5 a 10 SM (%) | Mais de 10 SM (%) |
| Lula (PT) | 52 | 40 | 37 | 33 |
| Michelle Bolsonaro (PL) | 37 | 46 | 53 | 53 |
*Fonte: Datafolha (10 a 11/06/2025).
Em eventuais disputas contra o senador Flávio Bolsonaro (PL) e o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), Lula seria o vencedor. O presidente superaria Flávio por 47% a 38%, vencendo Eduardo por 46% a 38%. No entanto, quando olhamos as intenções de voto considerando a variável renda, a divisão das preferências eleitorais das simulações anteriores é praticamente reproduzida.
Contra Flávio, Lula venceria somente no segmento mensal com renda mensal de até 2 salários. Na faixa de renda de mais de 2 a 5 salários, a vantagem numérica seria de Flávio (ver Tabela 5). O senador do PL venceria o presidente nas outras duas faixas de renda. Joga a favor de Lula a vantagem de 19 pontos que ele livra sobre Flávio no segmento com renda de até 2 salários.
Tabela 5: Lula x Flávio Bolsonaro – Simulação de segundo turno de 2026 (%)
| CANDIDATOS | Até 2 SM | Mais de 2 a 5 SM | Mais de 5 a 10 SM | Mais de 10 SM |
| Lula (PT) | 52 | 41 | 37 | 33 |
| Flávio Bolsonaro (PL) | 33 | 43 | 50 | 49 |
*Fonte: Datafolha (10 a 11/06/2025).
Em uma disputa contra Eduardo Bolsonaro, o cenário é muito similar. Lula venceria Eduardo entre quem recebe até 2 salários (ver Tabela 6). No segmento com renda mensal de mais de 2 a 5 salários, a vantagem numérica seria de Eduardo. Nas demais faixas de renda, Eduardo lideraria. Novamente, tem grande peso a favor de Lula a vantagem de 19 pontos sobre Eduardo entre quem recebe até 2 salários.
Tabela 6: Lula x Eduardo Bolsonaro – Simulação de segundo turno de 2026
| CANDIDATOS | Até 2 SM (%) | Mais de 2 a 5 SM (%) | Mais de 5 a 10 SM (%) | Mais de 10 SM (%) |
| Lula (PT) | 52 | 41 | 34 | 31 |
| Eduardo Bolsonaro (PL) | 33 | 42 | 52 | 52 |
*Fonte: Datafolha (10 a 11/06/2025).
Além do bolsonarismo e o petismo concentrarem, de acordo com o Datafolha, 70% da preferência política, como a abstenção tem sido elevada nas últimas eleições presidenciais – em torno de 20% –, o potencial de uma candidatura sem vínculos com Lula ou Bolsonaro é limitado. Mesmo que não sejam candidatos, Lula e Bolsonaro estarão presentes na eleição. No entanto, ao contrário de 2022, a conjuntura neste momento é desfavorável ao lulismo, já que seu governo é que será “julgado” nas urnas.
Como indicam as simulações de segundo turno de 2026, o comportamento do eleitorado com renda de até 2 salários e mais de 2 a 5 salários será decisivo. A faixa de até 2 salários pende para Lula, mas a força eleitoral do presidente hoje é inferior à que ele possuía no passado. Já o segmento com renda de mais de 2 a 5 salários, está em disputa. Em contrapartida, os segmentos acima de 5 salários pendem para a direita.

