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Análise: A imprevisível e acirrada disputa ao Senado no RS

Decisão de Leite terá impacto decisivo na disputa ao Senado e influenciará corrida pelo governo gaúcho

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A configuração do tabuleiro da disputa ao Senado no Rio Grande do Sul (RS) é marcada pela imprevisibilidade neste momento, faltando um ano para as eleições de 2026. Como a possibilidade do governador Eduardo Leite (PSD) concorrer ao Palácio do Planalto diminuiu, uma das dúvidas gira em torno da candidatura ou não de Leite ao Senado. 

Até o próximo ano, Eduardo Leite decidirá qual a melhor estratégia a ser adotada para eleger seu sucessor: o vice-governador Gabriel Souza (MDB). Mesmo sendo desconhecido de parte do eleitorado gaúcho, Gabriel tem um baixo desempenho nas pesquisas – menos de dois dígitos – para quem ocupa o segundo cargo mais importante do Estado, participando ativamente das agendas do governo Eduardo Leite. 

Assim, Gabriel Souza depende do prestígio de Eduardo Leite para alavancar sua candidatura a governador. Caso Leite concorra a senador, Gabriel terá um importante cabo eleitoral em sua chapa. No entanto, Leite também carrega desgastes após sete anos comandando o Palácio Piratini. 

Vale lembrar que a pesquisa do instituto Quaest realizada em agosto, mesmo apontando que 58% dos gaúchos aprovam o governador Eduardo Leite contra 38% que desaprovam, 54% acreditam que Leite não merece eleger o sucessor – 41% entendem que sim. Caso esse desgaste não seja revertido, Leite poderá repensar sua candidatura a senador. 

A decisão a ser tomada por Eduardo Leite causará impacto no tabuleiro da eleição ao Senado, pois teremos um cenário com Leite sendo candidato e outro sem ele entrar na disputa. 

Caso concorra ao Senado, Eduardo Leite é o favorito para uma das vagas em jogo, podendo repetir o feito de Pedro Simon (PMDB), em 1990, quando renunciou ao governo estadual, concorreu a senador e foi eleito. 

Neste hipotético cenário, com Leite concorrendo ao Senado, a outra vaga seria disputada entre as pré-candidaturas de esquerda – o deputado federal Paulo Pimenta (PT) e a ex-deputada Manuela D’Ávila (Sem partido), embora não deva ser descartada ainda a possibilidade de Paulo Paim (PT) tentar a reeleição – e de direita – os deputados federais Marcel Van Hattem (Novo) e Sanderson (PL). No campo da direita, não deve ser totalmente desconsiderada a possibilidade do senador Luiz Carlos Heinze (PP-RS) tentar um novo mandato. 

Já se Eduardo Leite não disputar a eleição ao Senado, Pimenta, Manuela, Van Hattem e Sanderson, que neste momento são prováveis pré-candidatos, disputariam as duas vagas em jogo. Embora não deva ser desconsiderada a possibilidade de as duas vagas ficarem com um mesmo espectro político, o mais provável neste cenário é que a esquerda faça um senador (a) e a direita eleja outro. 

Desde as eleições de 1994, o RS nunca elegeu dois senadores do mesmo espectro ideológico. Em 94, foram eleitos José Fogaça (PMDB) e Emília Fernandes (PTB). Em 2002, os vitoriosos foram Sergio Zambiasi (PTB) e Paulo Paim (PT). Em 2010, os eleitos foram Paulo Paim (PT) e Ana Amélia Lemos (PP). Na eleição de 2022, os vitoriosos foram Luiz Carlos Heinze (PP) e Paulo Paim (PT).

Conforme podemos observar, nesse histórico eleitoral das disputas ao Senado, tivemos vitórias do centro (Fogaça) e centro-direita (Emília) em 1994. Centro-direita (Zambiasi) e esquerda (Paim) em 2002. Esquerda (Paim) e direita (Ana Amélia) em 2010. E direita (Heinze) e esquerda (Paim) em 2022. 

Independente da configuração do tabuleiro gaúcho ao Senado – com ou sem Eduardo Leite no jogo – teremos novamente uma eleição acirrada no Estado. 

Além de pré-candidatos fortes, contribui para o equilíbrio da eleição ao Senado o fato da abstenção no RS ter sido elevada, girando em torno de 20%. Soma-se a isso a decisão tardia de voto, assim como o fato de a eleição para senador ficar num plano secundário quando comparado aos demais pleitos majoritários – presidente e governador, que costumam dominar a cobertura da imprensa e a atenção do mercado eleitoral.

Autor

  • Analista Político da Arko Advice. Doutorando em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Bacharel em Ciência Política (ULBRA-RS). Especialista em Ciência Política (UFRGS). Tem MBA em Marketing Político (Universidade Cândido Mendes).

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