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Análise: A força da direita partidária

Além da robusta federação que nasce, temos PL e Republicanos como legendas relevantes no campo da direita.

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A oficialização da federação entre PP e União Brasil, batizada de União Progressista, deixa a direita ainda mais fortalecida do ponto de vista partidário. Além da robusta federação que nasce, temos PL e Republicanos como legendas relevantes no campo da direita.

Apesar de divergências locais, PP e União Brasil têm a mesma gênese. O PP nasceu do antigo PDS, partido que foi o sucessor da ARENA, sigla que deu sustentação ao regime militar. O União Brasil, que surgiu da união entre o DEM e o PSL, remonta ao antigo PFL, que nasceu de um racha no antigo PDS, sendo fundamental para a redemocratização, viabilizando a vitória da chapa Tancredo Neves e José Sarney no Colégio Eleitoral, em 1985.

O PL, embora tenha nascido em 1985, passou por uma refundação em 2006. Antes disso, em 2002, o partido foi fundamental para a vitória do então candidato Lula (PT). Naquele ano, o PL indicou o empresário José Alencar (PL) como vice de Lula. Porém, hoje, o PL é um dos principais partidos de direita do país, beneficiando-se da migração do bolsonarismo para a legenda em 2021.

Mesmo que o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e o ex-presidente Jair Bolsonaro tenham divergências, eles possuem uma aliança que interessa a ambos. Valdemar precisa dos votos do bolsonarismo que, por sua vez, necessita da estrutura do PL, dos recursos do fundo partidário e do tempo de televisão.

Outro partido de direita relevante no sistema partidário é o Republicanos, que hoje comanda o maior Estado do país – São Paulo (SP) – através de Tarcísio de Freitas, cotado para concorrer ao Palácio do Planalto caso Jair Bolsonaro não consiga reverter sua inelegibilidade. O Republicanos, além da relação com o bolsonarismo, tem um sólido vínculo com as igrejas pentecostais.

Na Câmara, a União Progressista (PP e União Brasil) terá uma bancada de 108 deputados federais, se tornando a maior da Casa. O PL tem 90 parlamentares. O Republicanos contabiliza 45 deputados. Juntos, os quatro partidos somarão 243 assentos – 47,36% da Casa.

No Senado, a União Progressista contabilizará 14 senadores, mesmo número do PL. O Republicanos tem 4 senadores. Somando os quatro partidos, teremos 25 senadores, o que indica um controle de 43,20% do Senado pelos principais partidos de direita.

A direita ainda terá o controle do maior número de governos estaduais do país. A federação PP e União Brasil contará com seis governadores. O PL e o Republicanos têm dois governadores cada. Assim, as quatro siglas de direita contabilizarão 10 governadores, ou seja, 37,03% dos governos estaduais.

Esses números mostram que a direita está muito organizada do ponto de vista partidário. Além do elevado número de governadores, senadores e deputados, PP, União Brasil, PL e Republicanos são legendas com diretórios estruturados em todos os estados e municípios.

Além desta robusta estrutura partidária, vetores como a agenda conservadora nos costumes e liberal na economia, o protagonismo das igrejas evangélicas, e a capacidade de mobilização da direita nas redes sociais mostram sua força no debate público.

Apesar da direita não ser homogênea – não podemos confundir direita com o bolsonarismo, já que nem toda direita é bolsonarista – tais números mostram uma inclinação à direita na política brasileira.

Se a federação PP e União Brasil, PL e Republicanos estiverem unidos na sucessão de 2026, o candidato da direita poderá contar com uma robusta estrutura de campanha.

Autor

  • Analista Político da Arko Advice. Doutorando em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Bacharel em Ciência Política (ULBRA-RS). Especialista em Ciência Política (UFRGS). Tem MBA em Marketing Político (Universidade Cândido Mendes).

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