A provável escolha do advogado-geral da União, Jorge Messias, para ocupar a vaga aberta pela saída de Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF), em detrimento do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pode mexer com o quadro eleitoral em Minas Gerais e gerar reflexos no cenário nacional. Embora conte com o apoio do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União -AP), e tenha boa aceitação tanto na Casa quanto no próprio STF, Pacheco deve ser preterido pelo presidente Lula (PT). O que não chega a ser surpresa, já que Lula sempre defendeu que o ex-presidente do Senado seja candidato ao governo de Minas Gerais.
Em se confirmando a indicação de Messias, Pacheco deve acertar as bases de sua candidatura com o presidente. O acerto deve passar pela predefinição de uma chapa e a garantia de estrutura e envolvimento do PT na campanha, visto que o partido possui histórico de pouco engajamento em campanhas de candidatos de outros partidos. Além disso, é possível que a conversa envolva compromissos pós-eleição em caso de derrota, como a indicação ao STF em nova vaga a ser aberta durante um eventual quarto mandato de Lula.
Segundo maior colégio eleitoral do país, Minas Gerais é fundamental para o êxito do projeto de reeleição de Lula. E Lula considera que Pacheco é o melhor nome para lhe oferecer palanque no estado. Mas o cenário em Minas é complexo. No momento, há quatro pré-candidaturas no radar. O senador Cleitinho (Republicanos), que lidera as pesquisas com vantagem, representará o bolsonarismo na disputa. Na sequência, aparecem o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PDT) e Rodrigo Pacheco em empate técnico. Na rabeira, está o vice-governador Matheus Simões, que acaba de ingressar no PSD, apoiado pelo governador Romeu Zema (Novo).
A candidatura de Kalil pode tumultuar o espectro governista, pois com sua filiação ao PDT, legenda que deverá apoiar a reeleição do presidente, ele deve reivindicar reciprocidade de Lula. A coexistência das candidaturas de Kalil e Pacheco tende a facilitar a vida do bolsonarista Cleitinho.
Outro aspecto que mexe com o cenário é a filiação de Matheus Simões no PSD avalizada pelo presidente nacional da legenda, Gilberto Kassab. Simões vai assumir o governo do estado em abril de 2026 determinado a buscar a reeleição. Isso indica que o PSD não conta com Pacheco para disputar o Palácio da Liberdade e se afasta de Lula ao bancar um candidato vinculado a Zema. Tal movimentação também exclui o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, que pretende buscar uma vaga no Senado. Dessa forma, a tendência é que ambos deixem o PSD em busca de uma legenda aliada.

