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Análise: A economia ainda funciona como preditor de voto?

A economia continuará tendo impacto em 2026

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A pesquisa do instituto Quaest divulgada na semana passada confirmou a expectativa de recuperação da popularidade do presidente Lula (PT). De maio para outubro, a desaprovação de Lula caiu de 57% para 49%, enquanto a aprovação cresceu de 40% para 48%. Chama atenção que a melhora na aprovação presidencial não esteja sendo puxada exclusivamente pela economia, e sim por fatores conjunturais, como:

1) O impacto negativo do tarifaço imposto pelos Estados Unidos contra o Brasil, possibilitando a Lula se apropriar da narrativa de defesa da soberania nacional;

2) A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL);

3) A criação de novos programas sociais, como o Gás para Todos;

4) A aprovação na Câmara da isenção de Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil mensais;

5) A repercussão positiva do início do diálogo entre Lula e o presidente americano, Donald Trump, bem como do discurso de Lula na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU); e

6) A rejeição da opinião pública a pautas como a PEC da Blindagem e a defesa da anistia aos condenados nos atos de 8 de janeiro de 2023.

A opinião pública, porém, continua pessimista com a economia. De acordo com o Quaest, o número dos que acreditam que a economia piorou nos últimos 12 meses ainda é majoritário, mesmo com a redução de 48% para 42% das opiniões nesse sentido em relação a setembro. Já o percentual dos que consideram que a economia melhorou ficou estável, em 21%.

Além disso, 63% acham que o preço dos alimentos no supermercado subiu no último mês, enquanto só 15% dizem que caiu. O Quaest mostra ainda que 56% dos entrevistados avaliam que o país está no rumo errado, embora 36% afirmem que está no rumo certo.

Outro dado importante é que 45% entendem que o governo Lula está pior do que o esperado. Ainda que esse índice tenha caído cinco pontos em relação a setembro, permanece majoritário na opinião pública. Por outro lado, 25% dizem que o governo está melhor, índice quatro pontos maior do que o verificado na pesquisa de setembro. Para 63%, Lula não está conseguindo cumprir as promessas de campanha, em maio, o percentual era de 70%. No entendimento de 32%, o presidente está conseguindo cumprir as promessas, há seis meses, esse percentual era de 25%.

A economia continuará tendo impacto em 2026. No entanto, apenas o desempenho econômico não parece ser mais suficiente para preditor eleitoral, já que a pauta identitária, por exemplo, tem ocupado um espaço importante no debate público, calcificando preferências e dividindo o protagonismo com a pauta econômica.

Autor

  • Analista Político da Arko Advice. Doutorando em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Bacharel em Ciência Política (ULBRA-RS). Especialista em Ciência Política (UFRGS). Tem MBA em Marketing Político (Universidade Cândido Mendes).

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