A pesquisa do instituto Quaest divulgada na semana passada confirmou a expectativa de recuperação da popularidade do presidente Lula (PT). De maio para outubro, a desaprovação de Lula caiu de 57% para 49%, enquanto a aprovação cresceu de 40% para 48%. Chama atenção que a melhora na aprovação presidencial não esteja sendo puxada exclusivamente pela economia, e sim por fatores conjunturais, como:
1) O impacto negativo do tarifaço imposto pelos Estados Unidos contra o Brasil, possibilitando a Lula se apropriar da narrativa de defesa da soberania nacional;
2) A condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL);
3) A criação de novos programas sociais, como o Gás para Todos;
4) A aprovação na Câmara da isenção de Imposto de Renda (IR) para quem recebe até R$ 5 mil mensais;
5) A repercussão positiva do início do diálogo entre Lula e o presidente americano, Donald Trump, bem como do discurso de Lula na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU); e
6) A rejeição da opinião pública a pautas como a PEC da Blindagem e a defesa da anistia aos condenados nos atos de 8 de janeiro de 2023.
A opinião pública, porém, continua pessimista com a economia. De acordo com o Quaest, o número dos que acreditam que a economia piorou nos últimos 12 meses ainda é majoritário, mesmo com a redução de 48% para 42% das opiniões nesse sentido em relação a setembro. Já o percentual dos que consideram que a economia melhorou ficou estável, em 21%.
Além disso, 63% acham que o preço dos alimentos no supermercado subiu no último mês, enquanto só 15% dizem que caiu. O Quaest mostra ainda que 56% dos entrevistados avaliam que o país está no rumo errado, embora 36% afirmem que está no rumo certo.
Outro dado importante é que 45% entendem que o governo Lula está pior do que o esperado. Ainda que esse índice tenha caído cinco pontos em relação a setembro, permanece majoritário na opinião pública. Por outro lado, 25% dizem que o governo está melhor, índice quatro pontos maior do que o verificado na pesquisa de setembro. Para 63%, Lula não está conseguindo cumprir as promessas de campanha, em maio, o percentual era de 70%. No entendimento de 32%, o presidente está conseguindo cumprir as promessas, há seis meses, esse percentual era de 25%.
A economia continuará tendo impacto em 2026. No entanto, apenas o desempenho econômico não parece ser mais suficiente para preditor eleitoral, já que a pauta identitária, por exemplo, tem ocupado um espaço importante no debate público, calcificando preferências e dividindo o protagonismo com a pauta econômica.

