As divergências entre o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) sobre as eleições presidenciais de 2026 e também entre este e a senadora Tereza Cristina (PP-MS) tornam públicas as disputas de bastidores no campo oposicionista. Ciro Nogueira afirmou que Eduardo criou “um prejuízo gigantesco para a direita”, e o deputado respondeu que os “prejuízos foram para os planos do senador”. Tereza Cristina declarou que os nomes viáveis da oposição para 2026 são os de Tarcísio de Freitas e Ratinho Júnior e o da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, enquanto Eduardo acusou Tereza de representar os interesses dos “grandes capitais”.
De um lado, temos o Centrão, que, após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ter sido condenado, almeja tornar-se o protagonista na construção do projeto anti-Lula para 2026. De outro, está o clã Bolsonaro, que, através de Eduardo, joga para continuar dando as cartas na direita.
Esse embate travado nos bastidores tem ao menos duas dimensões. A primeira – e mais evidente – gira em torno da construção do candidato da direita para 2026. Neste momento, temos uma pulverização de pré-candidaturas: Tarcísio de Freitas (Rep-SP); Romeu Zema (Novo-MG); Ratinho Júnior (PSD-PR); e Ronaldo Caiado (UB-GO); além de Eduardo Bolsonaro e de Michelle Bolsonaro (PL).
Embora Tarcísio seja o nome com maiores condições de unir a direita contra o presidente Lula (PT), ele só deve concorrer ao Palácio do Planalto se tiver o apoio de Jair Bolsonaro e se conseguir viabilizar uma ampla aliança de centro-direita. Caso contrário, cresce a possibilidade de a direita concorrer dividida.elei
Como 2026 marcará um fim de ciclo eleitoral, já que mesmo que Lula se reeleja ele não poderá concorrer em 2030, os governadores de direita têm o incentivo de ir para a disputa, pois, no pior cenário, marcariam sua posição na “fila”. Como Zema, Ratinho e Caiado estão terminando o segundo mandato em seus estados, concorrer ao Planalto é um atrativo.
Essa variável do fim de ciclo também serve de incentivo para que Tarcísio arrisque disputar a Presidência, pois, se for eleito, poderá tentar a reeleição em 2030. Se perder, firmará seu nome para a sucessão seguinte.
A segunda dimensão envolve a estratégia da direita. Mesmo que se fale sobre a necessidade de união da direita – e essa é uma das condições para que Tarcísio concorra a presidente –, lançar mais nomes de oposição pode entrar no cálculo estratégico da direita, já que ter mais candidatos de oposição concorrendo pode colocar Lula na defensiva, sobretudo nos debates e no horário eleitoral.

