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Análise: A campanha eleitoral permanente de Jair Bolsonaro

O fato de Bolsonaro estar inelegível até 2030 não o impede de exercer os próprios direitos políticos e de praticar política normalmente, o que inclui fazer campanha eleitoral

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Em 2023, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) a oito anos de inelegibilidade. Mesmo assim, ele continua mirando o pleito de 2026. Embora o governo Lula tenha a máquina pública a seu favor, é proibido usá-la para fins de promoção eleitoral. Em contrapartida, Bolsonaro não tem as mesmas restrições e, portanto, permanece mobilizando o eleitorado desde 2023.

No último mês, o ex-presidente foi internado em 12 de abril devido a uma obstrução intestinal. Nas quase três semanas em que permaneceu na UTI, da qual saiu na quarta-feira passada (30/04), Bolsonaro utilizou o estado de saúde para gerar comoção e conquistar ganhos políticos e eleitorais. Ele realizou lives de dentro do hospital, concedeu entrevista, inundou as redes sociais com imagens do pós-cirúrgico e recebeu aliados políticos e familiares. A espetacularização da internação permitiu manter alguns temas em alta na mídia. Ainda do hospital, convocou para a próxima quarta-feira (07/05) uma manifestação em Brasília em defesa da anistia dos presos pelos atos de 8 de janeiro de 2023. O ex-presidente já recebeu alta.

Bolsonaro vê no tema da anistia uma oportunidade para fortalecer o vínculo com o eleitorado, ao mesmo tempo que defende interesses próprios. Em março, São Paulo recebeu uma manifestação em defesa do tema. Em abril, foi a vez do Rio de Janeiro. Agora, em maio, o palco será Brasília. Esta, no entanto, será a única vez que o ex-presidente não estará presente, devido ao fato de estar em recuperação da cirurgia pela qual passou. Nos outros atos, ele liderou a manifestação, mas tangenciou o tema da anistia. O foco foi, principalmente, a defesa da própria inocência e da candidatura à Presidência em 2026.

Também no ano passado Bolsonaro encontrou um jeito de se manter firme no meio político e garantir alianças para 2026. Praticamente durante o ano inteiro o ex-presidente atuou como cabo eleitoral das eleições municipais, o que resultou na vitória de 12 nomes apoiados por ele. Já em 2023, perdeu capital político significativo devido às acusações e condenações, mas contava com uma base de apoiadores forte. Assim, o ex-presidente se manteve presente na mídia e dialogando com o eleitorado, ao convocar manifestações em defesa da anistia e de outras pautas da época, por exemplo, contra o aborto.

O fato de Bolsonaro estar inelegível até 2030 não o impede de exercer os próprios direitos políticos e de praticar política normalmente, o que inclui fazer campanha eleitoral. Além disso, ele acredita que pode reverter a condenação de 2023 e se candidatar. Portanto, manter-se presente na mídia e em contato com o eleitorado – o que tem sido feito principalmente por meio da pauta da anistia – permite que ele alimente a base eleitoral para 2026. Caso não se candidate, o nome que apoiar receberá os votos que terá acumulado desde 2023.

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  • Curso jornalismo na Universidade de Brasília (UnB) e busco unir meus conhecimentos da área da comunicação com o propósito da Arko Advice de entregar as principais notícias da política brasileira.

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