24.8 C
Brasília

Análise: 7 de setembro espelha disputa política

O balanço dos atos foi favorável à direita

Data:

As comemorações em torno do 7 de Setembro espelharam nas ruas a polarização que divide o país. Articulada pelo pastor Silas Malafaia, a mobilização dos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) teve como lema o slogan “Reaja Brasil: o medo acabou”. Os atos tiveram uma expressiva adesão, sobretudo na cidade de São Paulo.

O ato na capital paulista contou com a presença dos governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), e de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), além da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL), do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, e de Malafaia.

O mote central dos aliados de Bolsonaro foi a defesa da anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. O presidente Lula (PT) e o Supremo Tribunal Federal (STF) foram os principais alvos de ataque. Protagonista do ato, Tarcísio fez uma forte inflexão na direção do bolsonarismo, reforçando sua lealdade a Bolsonaro.

Tarcísio defendeu a anistia, pediu que o presidente da Câmara, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), paute o projeto, afirmou que “só existe um candidato à Presidência, que é Jair Bolsonaro”, classificou de “injusta” a ação penal da chamada “trama golpista” e chamou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, de “tirano”, mas sem citá-lo nominalmente.

Do lado do governo, os movimentos sociais também realizaram manifestações. O mote foi a defesa da soberania e da democracia e o posicionamento contra a anistia. A adesão nas ruas aos atos do governo foi tímida.

O 7 de Setembro foi marcado ainda por um pronunciamento do presidente Lula (PT) que foi ao ar no dia anterior. Lula apostou na narrativa nacionalista. Destacou a defesa da soberania e atacou os “traidores da pátria”, numa referência à atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos. Na economia, destacou o projeto que isenta de Imposto de Renda quem recebe até R$ 5 mil mensais e fez a defesa do Pix.

As manifestações ocorreram em meio ao julgamento do chamado “núcleo central” da tentativa de golpe, que inclui Bolsonaro, e a mobilização em favor da anistia, que vem ganhando força no Congresso.

O balanço dos atos foi favorável à direita, que, de acordo com o Monitor do debate político, levou 42 mil pessoas às ruas contra 8,8 mil da esquerda. Embora a pressão do bolsonarismo nas ruas não mude os rumos do julgamento da trama golpista, pode dar fôlego ao projeto da anistia no Congresso.

Uma incógnita é saber o impacto da postura de Tarcísio, que fez um discurso típico de candidato a presidente, em prol da narrativa do bolsonarismo raiz. Ainda que Tarcísio ganhe prestígio em meio a esse público, a rejeição a ele pode aumentar.

Autor

  • Analista Político da Arko Advice. Doutorando em Ciência Política na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Mestre em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Bacharel em Ciência Política (ULBRA-RS). Especialista em Ciência Política (UFRGS). Tem MBA em Marketing Político (Universidade Cândido Mendes).

    Ver todos os posts

Compartilhe

Inscreva-se

Receba as notícias do Política Brasileira no Whatsapp

Leia Mais
Relacionado

Confaz anuncia aumento do ICMS sobre combustíveis e gás de cozinha

Aumento atinge gasolina, diesel e gás de cozinha

Hidrelétrica de Itaipu alcança a marca histórica de 3,1 bilhões MWh produzidos

Itaipu se consolida como a usina que mais produz energia elétrica no mundo

Transportadoras relatam queda na demanda após tarifaço dos EUA

Levantamento aponta redução em fretes de exportação

Líderes do BRICS discutem mecanismos para ampliação de comércio

Presidente defende multilateralismo e critica tarifaço